Teste com AMD FX-8350

Hoje vamos analisar o principal processador da AMD no momento, pelo menos no que diz respeito ao desempenho. Estamos falando do FX-8350 (Vishera), processador de 8 núcleos e clock de 4.0GHz que custa em torno de R$ 600,00 e é, atualmente, o mais rápido da empresa.

Como já foi falado em diversos artigos, a estratégia da AMD não é mais brigar pelo topo do pódio em desempenho. Dessa forma, ela não vai mais desenvolver produtos para competir com os modelos “Extreme” da Intel – leia-se Core i7 socket LGA 2011 – que tem entre seus modelos o Core i7 3960X.
A AMD decidiu focar no segmento intermediário e brigar diretamente com os processadores Intel LGA 1155 (Sandy Bridge, Ivy Bridge e, futuramente, Haswell), – leia-se Core i3, Core i5 e Core i7 – citando como exemplo o Core i5 3570(K) e Core i7 3770(K).
No decorrer dessa análise veremos até onde o FX 8350 pode chegar e com quem ele pode “brigar”.

A AMD seguiu o mesmo esquema de nomenclatura utilizada na linha Zambezi com a nova geração Vishera. Em outras palavras, as CPUs são compostas do prefixo FX (que identifica a linha – no caso, processadores de alto desempenho), bem como uma numeração de 4 dígitos. O primeiro indica a quantidade de núcleos da CPU. Assim, o FX-8350 é um octo core, bem como o FX-6300 é um hexa-core e o FX-4300, um quad-core.
Os 3 dígitos restantes servem para informar o desempenho dos processadores, ou melhor, para indicar que uma CPU é mais poderosa que outra, obviamente dentro da mesma linha (8000, 6000 e 4000). Portanto, um FX-8350 é mais veloz que um FX-8320.
Falando agora sobre as memórias caches, a quantidade de L2 acompanha o número de núcleos, com um total de 2MB por módulo (conjunto dual core). Já a L3 é fixa em 8MB (a exceção dos quad core FX-4000).
As frequências de operações da memória cache L3 e do North Bridge alternam entre 2.0-2.2Ghz, dependendo do modelo da CPU, assim como o TDP (dissipação térmica máxima), que oscila entre 95-125W. A boa notícia aqui é que a AMD conseguiu aumentar o desempenho de seus processadores, mesmo mantendo inalterados o processo de fabricação (em 32nm) e o TDP.
Vale ainda ressaltar que a linha Vishera conta apenas com um die. Assim, um FX-8350 e um FX-4300, possuem os mesmos 8 núcleos em seu chip, ainda que na versão quad core, outros 4 núcleos permaneçam desativados. De acordo com a AMD, não é possível ativar os núcleos “adormecidos”. A ideia de utilizar um único die acaba que gerando certa ineficiência de recursos da CPU, contribuindo para o aumento de custos e TDP.

Turbo Core 3.0
O Turbo Core é a tecnologia de ajuste dinâmico na frequência de operação dos processadores da AMD. Este recurso “entra em cena” toda vez que certas condições são encontradas, como é o caso de núcleos de processamento subutilizados e temperatura/dissipação térmica abaixo de um certo limite.
A AMD aprimorou o Turbo Core na geração passada (Bulldozer FX), ao adicionar o estado Max Turbo à tecnologia. Desta forma, um processador que, por exemplo, tenha frequência base (nominal) de 3.6Ghz, poderá, além ter todos os seus núcleos overclockados automaticamente para 3.9Ghz, ter apenas alguns de seus cores turbinados para uma frequência ainda maior, em 4.2Ghz. Trata-se de um grande avanço, principalmente porque muitas aplicações atualmente não utilizam mais do que 2 ou 3 núcleos.

A tecnologia ganhou uma nova melhoria com a chegada dos cores Piledriver. Chamado agora de Turbo Core 3.0, o recurso passa a atuar além nos núcleos de processamento geral, nos núcleos gráficos. Como a linha de CPUs FX da AMD não possui GPU integrada, tal tecnologia só funciona, de fato, nas novas APUs da companhia.

Por dentro do núcleo Piledriver

Conforme mencionado na seção anterior, o AMD FX-8350 tem como grande destaque o fato de ser baseado na arquitetura Piledriver. Apesar da “novidade”, a macro arquitetura é uma evolução da Bulldozer, com os mesmos princípios básicos de organização dos núcleos, formados por módulos. Há, inclusive, as mesmas estruturas funcionais compartilhadas entre os núcleos, como é o caso da memória cache L2, da unidade de ponto flutuante, do buscador de instrução e do decodificador de instrução.

Além disso, o semicondutor do Vishera compartilha algumas características em relação ao Zambezi, como é o caso da litografia (em 32nm), quantidade de transistores (1,2 bilhão), área de die (315 mm2) e quantidade de núcleos e de memória cache L2/L3.

Apesar da aparente semelhança com os antigos processadores da linha FX, os engenheiros da AMD fizeram duas importantes modificações que culminaram em um melhor desempenho.

A primeira mudança foi na estrutura interna do núcleo (conforme é possível verificar na imagem abaixo).

Somente com a alteração das estruturas internas contidas no die do Vishera, a AMD conseguiu atingir uma maior freqüência nos núcleos Piledriver sem aumentar a dissipação térmica máxima, mesmo mantendo o processo de fabricação em 32nm.


Outra mudança foi na condução da fila de execução do processamento, resultando em núcleos mais eficientes (e consequentemente mais desempenho). A interface principal de controle dos dados possui um previsor de ramificação (branch predictor) mais preciso e com maior janela de instrução. As unidades de execução adquiriram um agendador avançado que “aprendeu” a processar instruções individuais de forma mais rápida, como é o caso da divisão de número inteiro e ponto flutuante.

Além disso, os engenheiros da AMD afirmam ter aumentado o tamanho TLB L1 (Translation Lookaside Buffer – dispositivo que visa facilitar a tradução de endereços lineares em endereços físicos, evitando a consulta à tabela de páginas localizada na memória) aumentando assim a velocidade do processamento dos dados, além de aprimorar a pré-busca dos dados e os algoritmos de arbitragem na memória cache L2.

Fotos
A seguir algumas fotos do processador, que foi cedido pela Kabum, dessa forma veio dentro da caixa original, toda em alumínio na cores preto e vermelho, muito bonita.

Quando abrimos, além do processador, nossa atenção vai para o cooler, mais robusto do que o padrão da AMD. Aliás, cooler desenvolvido pela Cooler Master que promete melhor eficiência do que os que acompanham outros processadores. Vale destacar que esse modelo acompanha o FX 8350 por ser um processador diferenciado da AMD, mas na grande maioria dos demais processadores vem o cooler padrão, aquele mais simples e quadrado, literalmente.

Máquinas/Softwares utilizados

Uma dica bastante importante a todos que estão montando um sistema baseado em uma mainboard AM3+ e algum processador da linha FX (Bulldozer/Vishera): ATUALIZE A BIOS ASSIM QUE MONTAR O SISTEMA!
Algumas mainboards nem dão boot antes de atualizar a BIOS, sendo que as versões originais de BIOS em mainboards AM3+ não tinham o suporte correto aos processadores FX. Passamos por esta situação aqui quando analisamos o FX 8150. Após o update da BIOS, o sistema tende a funcionar normalmente.
Abaixo mais algumas fotos do processador montado no sistema:

Máquinas utilizadas nos testes:
– Processadores AMD: FX 8350 e FX-8150 + (MSI 990FXA-GD80)
– Processadores Intel: Core i7 3770K e Core i5 3570K (Gigabyte Z77X-UP7)
– Memória: AMD: Patriot AMD 1600MHz 8GB (2x4GB) / Intel: KingSton HyperX 1600MHz 8GB (2x8GB)
– Placa de vídeo: NVIDIA GeForce GTX 680
– Cooler BOX
Sistema Operacional e Drivers:
– Windows 7 64 Bits com Updates
– NVIDIA GeForce 314.14
Aplicativos/Games:
– CineBENCH 11.5
– x264 HD Benchmark 4.00
– wPrime 2.09
– Adobe Photoshop CS 5
– 3DMark 11
– Aliens vs Predator
– Crysis 2
– F1 2012
CPU-Z
Abaixo temos algumas telas do CPU-Z mostrando as principais características técnicas do processador e de alguns dos demais componentes utilizados no sistema:

Temperatura
Começamos os testes comparativos pelo de temperatura, onde temos duas situações bem distintas.
Com o sistema em modo ocioso (IDLE), os processadores da Intel ficam com temperatura bem abaixo dos processadores FX da AMD utilizados nos comparativos.

Já com o sistema em uso estressado pelo aplicativo wPrime, quando todos os cores são exigidos, os processadores da AMD ficam com temperatura mais baixa, mas tem um detalhe bem importante: Nos dois processadores FX o cooler utilizado foi o mesmo que acompanha o FX 8350, consideravelmente mais robusto que o cooler padrão da AMD que acompanha uma série de processadores da empresa. Constatamos que essa mudança fez toda a diferença nesse quesito. Diferença positiva, logicamente.

3DMark e Games
Depois de aplicativos que exigem processamento do CPU, agora vamos ver como é o comportamento dos processadores no 3DMark e Games, para ver até onde o processador é importante nesses casos. Vale lembrar que estamos utilizando uma placa de vídeo NVIDIA GeForce GTX 680 para os testes.
3DMark 11
Em nosso primeiro teste com o 3DMark 11 podemos ver que o FX 8350 se comporta muito bem, ficando na segunda colocação empatado tecnicamente com o Core i5 3570K atrás do Core i7 3770K.
Nesse teste já fica bem claro que a diferença tende a ser pequena nesse tipo de situação, visto que a placa de vídeo é o fator chave do desempenho Como todos os sistemas usam a mesma placa, temos resultados próximos.

Aliens vs Predator
Se a diferença no 3DMark 11 foi pequena, no Aliens vs Predator é ainda menor. Com todos os processadores com FPS na casa de 58.x, tivemos empate técnico entre todas as plataformas. Podemos concluir que esse é um game totalmente dependente da placa de vídeo.

Crysis 2
Com o Crysis 2 temos uma pequena mudança. Os processadores da Intel conseguem resultados um pouco melhores. Pouco, mas melhores, com o FX 8350 3% atrás do Core i5 3570K e 4% à frente do FX 8150.

Overclock
Para o overclock do FX 8350 tivemos alguns contratempos. Nosso sistema é baseado em uma mainboard MSI 990FXA-GD80, que ainda não tem suporte da BIOS à altura de outros modelos concorrentes quando o assunto é overclock. Como exemplo podemos citar a limitação na voltagem do processador, que não passa de 1.449v, o que não é um problema para quem pretende overclockar o sistema até 4.6GHz. Na verdade esse seria o limite para se overclockar o sistema e utilizá-lo dessa forma continuamente.
Mas sabemos que esse processador pode ir além, afinal ele é detentor de um recorde mundial de clock (apesar do recorde ter sido feito com vários cores desligados), dessa forma queríamos ir além de 4.6GHz. Depois de muitas pesquisar, enquanto a MSI não resolve o problema da BIOS, uma alternativa é utilizar o software Controle Center da própria empresa para se fazer o overclock. Através dele é possível aumentar a voltagem para mais de 1.449v, como 1.5, 1.55 ou até mais e, consequentemente, aumentar o clock do processador.
Nós colocamos a voltagem em 1.55v e o multiplicador em 25x, dessa forma alcançamos o clock de 5.0GHz. Existe uma série de possibilidades diferentes para se overclockar, todas elas associando o multiplicador e a frequência, ou seja, se o multiplicador está em 25x e o clock final em 5.0GHz, por lógica a frequência está definida em 200MHz, 25×200=5GHz.
Alterando a frequência é importante frisar aos novatos que o clock das memórias também será alterado.
Um detalhe bastante importante para quem quer overclockar o sistema nesse nível com essa mainboard e válido para outras baseadas em AMD: Manter ativada a opção AMD Cool&Quiet na BIOS. Isso fará com que o sistema baixe o multiplicador para 7x quando o sistema estiver ocioso e, dessa forma, evita manter o processador estressado o tempo inteiro em um alto clock.

AVISO: Não é recomendado manter processadores overclockados de forma extrema por muito tempo. Consideramos overclock extremo todo overclock que mexa com voltagem e que faça o processador trabalhar com altos clocks. No caso do FX 8350, 5.0GHz é um clock bastante alto para manter em uso contínuo. Mesmo o clock de 4.6GHz com o cooler BOX é um clock não recomendado para uso contínuo. O indicado seria algo em torno de 4.4GHz para evitar problemas.
Temperatura
Como já era esperado, a temperatura do FX 8350, quando overclockado para 4.6GHz, subiu consideravelmente. No teste rodando o wPrime a temperatura subiu de 55 para 70 graus, que representa aumento de 27% – mesmo assim ainda abaixo da temperatura do Core i7 3770K, o que comprova a boa eficiência do cooler da Cooler Master adotado pela AMD para o FX 8350.
Não colocamos a temperatura do processador trabalhando em 5.0GHz porque nesse caso utilizamos o cooler Thermaltake WATER 2.0 Pro, já que o cooler BOX não dá conta de um clock tão elevado, consequentemente não tem sentido algum colocar a temperatura com esse cooler que é um modelo totalmente diferente dos modelos BOX.

Conclusão
Conforme evidenciado por esta análise, a nova geração de processadores de alto desempenho da AMD Vishera – encabeçada pelo FX-8350 – trouxe um ganho razoável em relação ao Zambezi, graças ao aprimoramento na arquitetura Bulldozer – conhecida agora como Piledriver.

Embora não traga grandes avanços ou novas tecnologias frente às CPUs da geração anterior, a linha Vishera tem com grande trunfo o custo X benefício. O FX-8350 é cerca de R$ 50,00 mais em conta que o cobiçado Core i5 3570K, ficando a frente do processador da Intel na maioria dos testes.
Em relação ao overclock, a AMD está um pouco atrás da Intel no que diz respeito à facilidade (não quer dizer que seja pior), especialmente para usuários leigos. Overclockar um processador Intel série “K” é extremamente fácil, já overclockar um processador FX 8350 (Vishera) é algo bem mais complicado. Primeiro porque o processo de overclock em mainboards Z77 é simples em alguns casos. Quando falamos do FX 8350 temos que ver antes qual a mainboard utilizada. Alguns modelos TOP, como o que utilizamos, não possuem bom suporte. Para ter noção da limitação, a placa MSI 990FXA-GD80 v2.2 não possibilita aumentar a voltagem do processador em mais do que 1.449v via BIOS, o que inviabiliza qualquer clock superior a 4.7GHz. Como demonstramos, conseguimos colocar a 5.0GHz via aplicativo dentro do Windows. Já em 4.6GHz conseguimos overclock via BIOS sem problemas, e o ganho foi consideravelmente bom, chegando a superar o 3770K(com clock padrão) em alguns casos.
Vale destacar que algumas mainboards estão com esse problema de compatibilidade com o FX 8350, por isso “escutamos” constantemente alguns rumores sobre novos chipsets, já que a atual geração AMD 990 chegou antes do lançamento do Bulldozer.
E, falando em mainboards, esse é um dos grandes problemas da plataforma AMD AM3+. O suporte a tecnologias é bem aquém da plataforma Intel LGA 1155. WiFi, Bluetooth, conexões mSATA são algumas tecnologias ausentes em placas AM3+. Outro exemplo de limitação é que até hoje não temos uma mainboard padrão Mini-ITX, muito pelas placas/processadores não possuírem vídeo integrado, mas como esse mercado tem crescido bastante com gabinetes gamers e tudo mais, seria importante haver novas soluções da AMD. Como não tem, o interessado é obrigado a optar por Intel se quiser montar um sistema gamer compacto.
Mas como conclusão final não há dúvida do bom desempenho do FX 8350, sendo uma ótima opção para quem quer gastar menos ou já possui mainboard AM3+. Com a ressalva do suporte ao processador, que deve ser visto antes no site oficial da placa-mãe.

Conheça a nova geração de processadores AMD.

Fonte: Adrenaline

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